terça-feira, 19 de junho de 2012

Apocalipse, parte 2

Deixei de lado o estudo dos comentários e comecei a procurar artigos sobre o tema Apocalipse. Deixei os comentários por causa da grande divergência entre eles. Nessa nova fase estou procurando entender o contexto do livro de Apocalipse e muitos pesquisadores tem dedicado seu tempo a essa tarefa. Entendo que isso pode ser útil para uma melhor compreensão do livro. Sendo assim, deixo os links para dois artigos. O primeiro é muito interessante porque traz uma revisão da literatura sobre a influência persa no judaísmo. O autor mostra que o contato com os persas influenciou na concepção de fim dos tempos do povo judeu (juízo final, ressurreição dos mortos, etc.). É um pouco cansativo, mas muito importante, principalmente porque mostra as opiniões contrárias a essa tese. O segundo, postei o link porque resume três estudos que tratam do Apocalipse guiados pela crítica social. É uma boa forma de conhecer sem passar pela leitura inteira dos estudos (que pode ficar para mais tarde). O primeiro autor é Paul Duff. Ele entende que a origem do texto de Apocalipse não é uma perseguição aos cristãos, mas uma crise interna baseando-se nas cartas as 7 igrejas no início do livro. Há uma tensão entre cristãos que atuam no comércio e tem relacionamento com a sociedade romana e os outros (dentre eles o autor do livro de Apocalipse). "Visto desta forma, o cerne do conflito subjacente ao Apocalipse, entre Joao e Jezabel, pode ser encontrado em aspectos sociais da vida cotidiana das comunidades. Jezabel defendia o engajamento com a sociedade, e João recomendava uma ruptura e consequente afastamento." (p.5). O segundo autor é Nelson Kraybill - *Culto e Comércio imperiais no Apocalipse de João*. Sao Paulo: Paulinas, 2004."Sua tese é de que um número grande de judeus e cristãos do primeiro século possuia uma chance de se sair bem na estrutura comercial do Império Romano, e com isso ascender social e economicamente. Por outro lado, visto que o Culto Imperial desenvolveu-se neste mesmo periodo, ele tornou-se com o tempo cada vez mais relacionado com a estrutura comercial do Império. Para se relacionar bem com a sociedade, e como consequencia conseguir vender seus produtos, era tentação para os comerciantes cristãos e judeus a participação no culto imperial de Roma. Ao ver isso, o visionário João critica fortemente a estrutura comercial de Roma e vaticina seu fim iminente." (p.7). O terceiro autor é Nestor Paulo Friedrich. Ele defende que uma líder cristã estava interagindo com a sociedade romana e João a critica por isso (idolatria). Deixo para vocês um trecho da conclusão do artigo:"A critica que precisa ser feita aos autores, entretanto, é que aparentemente eles esquecem ou ignoram a poderosa experiência visionária experimentada por João na Ilha de Patmos. Ao assim fazerem, deixam de lado também a rica tradicão teológica e religiosa atrás de João, como o Antigo Testamento e as correntes apocalípticas anteriores." (p.10)
Os links:
As influências persas no chamado judaísmo pós-exílico, de Dionísio Oliveira Soares.
http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_06_2_02.pdf

“Sai Dela, Meu Povo”: Crítica Social no Apocalipse de João, de Valtair Miranda.
http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_06_2_05.pdf

Esses artigos me levaram a perguntar até que ponto Jesus era um apocalíptico, ou seja, pertencente ou influenciado pelo movimento apocalíptico (séc 2 a.C. até séc. 2 d.C.). A pergunta apareceu por causa do discurso de Jesus em Mateus 24, onde o messias fala de pessoas que serão levadas e outras deixadas, no dia do julgamento, etc. O próximo post vai mostrar alguns resultados da busca. Inté.

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