terça-feira, 29 de maio de 2012

O Queijo e os Vermes

Finalizada a leitura desse livro de Carlo Ginzburg, historiador italiano, que conta o desenrolar do processo contra Menocchio, preso pela Inquisição. O réu era moleiro da região do Friulli, na Itália. Depois de passar dois anos preso é libertado, mas comete o mesmo erro e volta a ser preso e posteriormente condenado à morte. Entre as heresias desse moleiro estão:  negação da divindade de Jesus, a negação da imortalidade da alma, o panteísmo (Deus está em todas as coisas, tudo é Deus) e a negaçao da virgindade pérpetua de Maria. Esse era um tempo que expressar sua opinião, principalmente em questões religiosas, poderia levá-lo a morte, se não estivesse de acordo com os dogmas da igreja. O livro mostra trechos do processo com as perguntas do inquisidor e as respostas do réu. Bem interessante. Que bom! Atualmente podemos expressar nossas opiniões sem sermos queimados. Pelo menos por aqui. Inté.

domingo, 27 de maio de 2012

Apocalipse Gourmet

Estudos apontam 13 ingredientes que o aquecimento global e outras catástrofes naturais podem fazer desaparecer da mesa. Entre os alimentos que podem ganhar o selo de "em extinção" estão a banana, o arroz e o cacau! Eu acho que é alarmismo - aliás como muita coisa que falam sobre a crise ambiental, mas segue o link com a matéria.
O título pelo menos é engraçado "Apocalipse Gourmet". :O)
http://comida.ig.com.br/comidas/2012-05-16/apocalipse-gourmet-coma-antes-que-acabe.html

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Menocchio

" 'O senhor acredita então', insistiu o inquisidor: 'que não se saiba qual seja a melhor lei?' Menocchio respondeu: 'Senhor, eu penso que cada um acha que sua fé seja a melhor, mas não se sabe qual é a melhor; mas, porque meu avô, meu pai e os meus irmãos são cristãos, eu quero continuar cristão e acreditar que essa seja a melhor fé' ". (p. 92).
O Queijo e os Vermes.
Carlo Ginzburg.
Editora: Companhia de Bolso.

Caio Fábio

"Não existe nenhum grupo mais ególatra dentre todos os movimentos religiosos planetários do que o movimento evangélico. Isso por causa da semente dele – a semente é má, é de divisão. A semente original, de protesto contra a Igreja Católica, transformou-se numa semente de protesto existencial contra tudo. Essa divisão criou a ênfase no dogma doutrinário. Isso divide, qualquer que seja o desencontro, em qualquer nível na escala de valores. Falta tolerância naquilo que não tem significado para a salvação, no que não altera o DNA do Evangelho. Esse tipo de tolerância no olhar nunca existiu. O que se instituiu foi a prevalência do existencialismo espiritual, e esse não lida com as categorias objetivas de valor. E logo o chamado movimento protestante virou esse guarda-chuva evangélico, sob o qual cabem todas as coisas. Quando é que pode haver unidade e serviço ao próximo se, no meio evangélico a unção para nada serve senão para erigir egos? A unção do Espírito Santo deve redundar no amor, na compaixão, na misericórdia, no serviço – mas a “unção” que vemos aí só tem poder para criar lúciferes com purpurina na cara, que atuam em palcos com luzes."
Caio Fábio,
numa entrevista para Genizah.
Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/#ixzz1vnxVskro
Taí um dos frutos ruins da Reforma que citei num post dias atrás.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Egoísticamente

Egoísticamente o que importa é seu bem-estar. Acima de tudo, primeiro você, depois o resto.
Seja você rico, ou pobre, egoísticamente,
primeiro você depois o resto.
Não é questão de sobrevivência, nem falta de recursos, que aliás, é dito por ricos e pobres. Os pobres porque não tem como se manter (mas têm um celular bacana!) e os ricos para manter o padrão.
Primeiro você, depois o resto. Bem depois!
Afinal você tem contas a pagar, impostos, uma família para sustentar, um tênis caro para comprar (seja você rico, ou pobre). Muitas coisas para gastar com você. Não dá para mais nada que não seja com você. Aqui, até gasto com família resume-se a você. E assim não tem como dividir com mais ninguém. Mas você não quer parecer egoísta, ou avaro. A opinião dos outros importa. Então entrega uma quantia simbólica e tudo fica bem. Você com sua consciência e quem recebeu, bem, ganhou sem trabalhar para isso. Resolvido!
Só não pode aparecer alguém que dê muito mais. Aí estraga a lógica. Inflaciona a operação. Gera um constrangimento. Você e outros se incomodam. Agora é preciso fazer algo, desclassificar o outro, dizer que ele tem sobrando e arranjam ene motivos para justificar isso. Que situação ridícula, não é? Não importa mais quem vai receber, ou alegria que vai causar na pessoa. Importa a máscara. Todos deram, todos solidários, todos legais, Parabéns! Até que alguém apareça e cause um alvoroço. Somos muito egoístas! Sem perceber?

terça-feira, 15 de maio de 2012

Um Conto Chinês

Maio é um mês de chuva, tempo nublado e manhãs frias. O verão passou. Nas ruas, os casacos são mais frequentes agora. Tempo bom para ver filme em casa. Por falar em filme, vi "Um Conto Chinês". É um filme argentino que traz como tema uma pergunta antiga: Há algum sentido nos fatos que acontecem na vida? Para Roberto, um dos protagonistas, não há sentido. A prova disso está na coleção de notícias de jornais que ele recorta e guarda. Notícias como: "Depois de esperar 5 anos por um transplante de coração, finalmente conseguiu! Infelizmente, dois dias depois escorregou no banheiro e morreu". Mas Roberto vai mudar de ideia, porque vai descobrir que uma dessas histórias esquisitas vai mudar sua vida. O encontro com um chinês, que procura por seu tio e que vai ficar hospedado com Roberto. Não posso contar mais, senão estraga a surpresa. Veja o filme, se puder. No mais, que a vida nos traga boas surpresas, mesmo quando não parecem rsrsrs.

domingo, 13 de maio de 2012

Crônica da Noite

Acostumei a ouvir sua voz à noite. Nós em Estados diferentes, mas aproveitando a promoção de uma operadora de Celular que cobra apenas o primeiro minuto da chamada. E assim acabamos o dia juntos, passando horas ao telefone. As conversas banais, às vezes sérias, muitas vezes engraçadas. Falamos de saudade, enquanto olho pela janela a escuridão e algumas estrelas no céu. E quando falta assunto? Ficamos algum tempo em silêncio, que só é interrompido por aquela frase sublime com apenas três palavras. Repetimos a frase. Imagino os carinhos, a ternura, o afeto sendo levado pela operadora de celular até a outra ponta, até o outro Estado. Os dias demoram a passar e quanto mais demoram, mais demoramos ao telefone. Madrugadas de carinho por telefone. Assim, esperamos o dia em que poderemos nos encontrar face à face. Digo que gosto do seu jeito, de te ouvir rindo, do seu charme ao falar comigo. Troco várias vezes o celular de lado, às vezes a ligação fica péssima e preciso sair de casa e procurar o telhado, onde o sinal é melhor. Ali prossegue a conversa, vejo algumas nuvens e é inevitável a brincadeira de encontrar formas nas nuvens. Agora mesmo vi um perfil de pessoa se transformar em pássaro. Podia pegar carona numa nuvem... Você ri de mim, ou para mim, não sei. Só consigo ouvir. Uma lacraia atrapalha a conversa. Passa pelo meu pé, que por reflexo a joga para longe. A sensação desconfortável faz com que desça do telhado e procure abrigo num lugar sem lacraias. Fico torcendo para chover e haver raios. Mas está calor e sem possibilidade de chuva. Falamos do tempo, de saudade (de novo!). Sonhamos juntos o futuro, como será, como gostaríamos que fosse.
As noites não são mais as mesmas. Agora elas estão repletas de sentimentos misturados, de histórias de duas pessoas, que também estão fazendo sua história juntas. As madrugadas não são mais as mesmas. A vontade é de permanecer assim, no colo dela (imagino), ouvindo e contando. Trocando declarações de amor e depois adormecer, porque em algum momento o sono vence. E até nisso há conforto, quando ela diz: "Amor, vamos dormir?". Sorrio. Pedido mais doce e justo depois de tudo, de tanta paixão e saudade (por telefone). A frase vira nossa chave para encerrar a noite juntos e esperar por mais um dia. Ou melhor, mais uma noite. Vamos dormir então. "Eu te amo!"
Rio, 12 de janeiro, de 2011.



quarta-feira, 9 de maio de 2012

Os Reformadores. Tão Humanos!

Conforme tendência geral, às vezes pensamos em algumas pessoas como heróis, como fantásticas e aí corremos o risco de achar que elas são perfeitas, ou perto disso. E frequentemente, nos decepcionamos quando descobrimos que o herói fez alguma besteira, que não era tão santo quanto pensávamos.
Quando vemos os Reformadores, como Lutero, Calvino, Zwinglio, etc. nós protestantes pensamos automaticamente em heróis. As 95 Teses de Lutero, Os 5 Solas, As Institutas...
Não gosto dos livros que citam apenas as coisas boas, como não gosto daqueles que só mostram os podres. Gosto quando a história é contada com seus desdobramentos, quando mostra todas essas figuras importantes, como pessoas e não como semi-deuses. Lutero, depois de ter falhado tentando evitar a briga, aprovou o ataque aos camponeses anabatistas que pediam uma reforma social, além da religiosa. Tornou-se praticamente um ditador depois da Reforma, embora estivesse fazendo isso para manter a unidade dentro do movimento que iniciou. Já não dava mais! Ele havia aberto a porta do livre exame das Escrituras.
Calvino concordou com a morte (como herege) de Miguel Servet (Ele não acreditava na Trindade, nem no pecado original.), um estudioso importante e o primeiro a descrever a circulação pulmonar!  Não eram anjos, nem demônios, apenas gente. E gente faz besteira, mas também acerta. Os frutos da Reforma estão aí. Os bons e os maus.
Os nossos frutos também estão aí. Os bons e os maus. Cuidado para não transformar em ídolo alguém que você admira. Lembre que é gente. E gente acerta e erra, erra e acerta. Esse que você admira pode decepcionar também e mesmo assim ter valor.
inté.
Escrito depois de ler os capítulos sobre Lutero e Calvino no livro: "Nascimento e Afirmação da Reforma", de Jean Delumeau.

domingo, 6 de maio de 2012

A Fonte da Vida

Terminei de ler esse pequeno livro (149 páginas) de Jürgen Moltmann, teólogo alemão. É uma reunião de palestras que Moltmann fez e que, por isso, são textos mais "leves". Mas essa "pequena teologia estimulará as pessoas à experiência com o Espírito Santo". Já postei alguns trechos do livro neste blog. Comecei a lê-lo procurando por um livro devocional que não fosse um desses que se encontra fartamante por aí, com "mais do mesmo". O livro começa com a experiência de Moltmann com Cristo, depois de ser sido feito prisioneiro pelos Aliados na 2ª Guerra Mundial - ele servia ao exército nazista. Excelente início. O livro termina com uma oração. excelente final. Eis o trecho final: "Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, / Deus triuno, / Unifica contigo esse mundo dilacerado / e faz com que nós, pessoas, nos tornemos eternos em ti, / unidos com toda a tua criação, / que te louva e exalta / e que está feliz em ti. / Amém." 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Igreja: questão de Confiança (Moltmann)

"A igreja cristã é uma questão de confiança. (...) É óbvio que isso torna a comunidade cristã algo altamente vulnerável e, com muita frequência, uma decepção. A comunhão da confiança mútua não pode ser cega e crédula, mas deve ver e saber, e apesar disto estar disposta a confiar. Como a fé cristã não é uma fé infantil em Deus, mas passou pelas devastações e pelos abismos da cruz de Cristo, assim surge também confiança pelos demais somente quando conhecemos nossas próprias fraquezas e aceitamos as fraquezas dos outros.


Em todo lugar em que pessoas convivem em confiança, surgem conflitos. (...) Um conflito superado previne a indiferença e desperta novo interesse em participar. Um conflito contornado resulta na falta de interesse em participar. Por isso, a confiança é a arte de suportar diferenças e estruturá-las de forma a favorecerem a vida. A confiança está sempre disposta a oferecer um adiantamento. Contudo, também temos de reconhecer que há limites: Nem toda comunhão é boa e tem de ser preservada. Quando ela oprime e sufoca pessoas, a separação é melhor. Nem toda confiança é boa, mas somente a confiança que trabalha e soluciona a desconfiança justificada."

Fonte:
MOLTMANN, Jurgen. A fonte da vida: O Espírito santo e a teologia da vida. Edições Loyola 2002.