sábado, 30 de junho de 2012

U2, O Rappa e Eagles

Estou agora me enveredando por DVDs de shows. O do U2, no estádio Rose Bowl, da turnê 360 graus, é ótimo. Produção caprichada e clássicos da banda.
O Rappa, na Rocinha. Show de 15 anos de formação da banda, gravado na maior favela da América Latina. Sempre me impressionou a religiosidade contida nas músicas. Leva-me a pensar numa banda secular composta por evangélicos, que é o oposto de uma banda evangélica que quer tocar na mídia secular. Devaneios meus. :O). Ouçam "Súplica Cearense" (regravação de uma música de 1967).

O terceiro DVD é da banda Eagles num show de 1995 na Nova Zelândia, com chuva e frio. Não gosto muito das músicas country deles, mas os rocks e algumas baladas são sinistras!
Abraço!


Apocalipse, parte 3

Então, era Jesus um apocalíptico? Dois artigos: O primeiro, de Augustus Nicodemus. Para ele, a resposta é não. O segundo artigo é de Valtair Miranda. Tenho postado aqui artigos que possuam revisão de literatura, porque resumem os estudos sobre o tema e assim poupam tempo. Vou encurtar esse post, já que o outro (parte 2) ficou grande. Para mim, Jesus utiliza a maneira apocalíptica fazendo uma releitura, onde Ele representa o salvador. Curtam os artigos. Inté.
"O Jesus Apocalíptico: Retomada da Questão" - Valtair Miranda
http://www.nea.uerj.br/nearco/arquivos/numero1/arquivo9.pdf

"O Sermão Escatológico de Jesus: Análise da Influência da Apocalíptica Judaica nos escritos do Novo Testamento" - Augustus Nicodemus
http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_V__2000__2/Augustus.pdf

terça-feira, 19 de junho de 2012

Apocalipse, parte 2

Deixei de lado o estudo dos comentários e comecei a procurar artigos sobre o tema Apocalipse. Deixei os comentários por causa da grande divergência entre eles. Nessa nova fase estou procurando entender o contexto do livro de Apocalipse e muitos pesquisadores tem dedicado seu tempo a essa tarefa. Entendo que isso pode ser útil para uma melhor compreensão do livro. Sendo assim, deixo os links para dois artigos. O primeiro é muito interessante porque traz uma revisão da literatura sobre a influência persa no judaísmo. O autor mostra que o contato com os persas influenciou na concepção de fim dos tempos do povo judeu (juízo final, ressurreição dos mortos, etc.). É um pouco cansativo, mas muito importante, principalmente porque mostra as opiniões contrárias a essa tese. O segundo, postei o link porque resume três estudos que tratam do Apocalipse guiados pela crítica social. É uma boa forma de conhecer sem passar pela leitura inteira dos estudos (que pode ficar para mais tarde). O primeiro autor é Paul Duff. Ele entende que a origem do texto de Apocalipse não é uma perseguição aos cristãos, mas uma crise interna baseando-se nas cartas as 7 igrejas no início do livro. Há uma tensão entre cristãos que atuam no comércio e tem relacionamento com a sociedade romana e os outros (dentre eles o autor do livro de Apocalipse). "Visto desta forma, o cerne do conflito subjacente ao Apocalipse, entre Joao e Jezabel, pode ser encontrado em aspectos sociais da vida cotidiana das comunidades. Jezabel defendia o engajamento com a sociedade, e João recomendava uma ruptura e consequente afastamento." (p.5). O segundo autor é Nelson Kraybill - *Culto e Comércio imperiais no Apocalipse de João*. Sao Paulo: Paulinas, 2004."Sua tese é de que um número grande de judeus e cristãos do primeiro século possuia uma chance de se sair bem na estrutura comercial do Império Romano, e com isso ascender social e economicamente. Por outro lado, visto que o Culto Imperial desenvolveu-se neste mesmo periodo, ele tornou-se com o tempo cada vez mais relacionado com a estrutura comercial do Império. Para se relacionar bem com a sociedade, e como consequencia conseguir vender seus produtos, era tentação para os comerciantes cristãos e judeus a participação no culto imperial de Roma. Ao ver isso, o visionário João critica fortemente a estrutura comercial de Roma e vaticina seu fim iminente." (p.7). O terceiro autor é Nestor Paulo Friedrich. Ele defende que uma líder cristã estava interagindo com a sociedade romana e João a critica por isso (idolatria). Deixo para vocês um trecho da conclusão do artigo:"A critica que precisa ser feita aos autores, entretanto, é que aparentemente eles esquecem ou ignoram a poderosa experiência visionária experimentada por João na Ilha de Patmos. Ao assim fazerem, deixam de lado também a rica tradicão teológica e religiosa atrás de João, como o Antigo Testamento e as correntes apocalípticas anteriores." (p.10)
Os links:
As influências persas no chamado judaísmo pós-exílico, de Dionísio Oliveira Soares.
http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_06_2_02.pdf

“Sai Dela, Meu Povo”: Crítica Social no Apocalipse de João, de Valtair Miranda.
http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_06_2_05.pdf

Esses artigos me levaram a perguntar até que ponto Jesus era um apocalíptico, ou seja, pertencente ou influenciado pelo movimento apocalíptico (séc 2 a.C. até séc. 2 d.C.). A pergunta apareceu por causa do discurso de Jesus em Mateus 24, onde o messias fala de pessoas que serão levadas e outras deixadas, no dia do julgamento, etc. O próximo post vai mostrar alguns resultados da busca. Inté.

sábado, 9 de junho de 2012

Caraca, maluco: Apocalipse!


Resolvi estudar o Apocalispe de João. Baita, desafio!
Primeira Fase: Euforia.
Ouvi em aúdio a narração dos 22 capítulos e ao final já não estava ligando nada com nada, mas pelo menos tinha uma audição recente do conjunto da obra. Decidi então conseguir alguns comentários e ler paralalemente, capítulo por capítulo, com a Bíblia.
Segunda Fase: Desânimo.
Encontrei na internet o Comentário Bíblico Esperança:
http://issuu.com/alchimac/docs/coment_rio_esperan_a_-_apocalipse/4
e além desse, achei no sebo "Como Ler o Apocalipse" do José Bortolini. Já são duas interpretações bem diferentes. Tem também a interpretação futurista, na linha do filme "Deixados pra Trás".
O desânimo veio ao perceber facilmente que cada um fala o que quer sobre Apocalipse e de fato, ninguém sabe do que ele trata. Pelo menos no nível do detalhe. Porque no geral é a vitória do cordeiro e um texto de esperança para os cristãos. Mas quem são os 24 anciãos, os 144.000, o significado das trombetas, etc.? É uma doideira só! Cada um fala uma coisa.
Terceira Fase: Acalmando
Encontro um artigo do prof. Valtair Miranda, que tem uma frase exemplar:
"(...) uma boa postura diante de um texto cheio de interpretações divergentes é a humildade e a convicção de que ninguém é dono da verdade. Além disso, a salvação de um indivíduo não é condicionada à sua posição escatológica." (p.8). Abaixo segue o link para o artigo na revista Theos:
http://www.revistatheos.com.br/Artigos/Artigo_05_03.pdf
O artigo também mostra as linhas de interpretação do apocalipse. É um bom texto PARA COMEÇAR o estudo do Apocalipse.
Sendo assim, estou direcionando-me para: O Apocalipse de João fala de uma realidade vivida na época do autor e os símbolos ali estão ligados a essa época. Mas ainda tenho muitas questões para serem resolvidas e, portanto, essa não é uma posição definitiva. Por fim, bem nessa época, parou esse livro na minha mão: Poder Global e Religiao Universal de Juan Claudio Sanahuja, da Editora: Ecclesiae. Há um capítulo cujo título é: O anticristo será pacifista, ecologista e ecumenista (p.124). Essa é uma linha de pensamento com a qual não me identifico, a do tipo futurista que tenta encontrar na nossa época o anticristo. Outros autores falam sobre o chip como marca da besta, etc. Essa linha de interpretação é a mais disseminada na mídia. Vou criar um marcador para Apocalipse e assim vou acrescentando novas descobertas.
Vamos ver no que vai dar.
:O)

domingo, 3 de junho de 2012

Guimarães Rosa

"Pai, a vida é feita só de traiçoeiros altos-e-baixos? Não haverá para a gente, algum tempo de felicidade, de verdadeira segurança?" E ele, com muito caso, no devagar da resposta, suave a voz: - "Faz de conta, minha filha... Faz de conta..."
"Nada e Nossa Condicão" - João Guimarães Rosa, em "Primeiras Estórias" (p.132).
Editora Nova Fronteira

Naim Gork

Naim Gork acordou com dificuldade. Sexta-feira, último dia de trabalho da semana e as forças já no fim. Mais um dia de engarrafamento, de tempo perdido, de irritação e de sono. Chega ao trabalho às 8 horas e só pensa em poder voltar para casa. Queria estar aposentado e aproveitar a vida, mas não tem idade e tempo de contribuição previdenciária para isso. Quando tiver, já vai estar quase morto e não vai poder aproveitar tanto. No trabalho, o mesmo de sempre, e às vezes nada, ou melhor, frequentemente nada de interessante. Atende a ligação de uma instituição de caridade pedindo dinheiro. Ouve a moça até o final, só por educação, e enfim diz que não vai ajudar. Sem o menor problema com isso. Volta-se para o computador e lê o jornal na internet. Chove. Pensa no almoço e no restaurante que vai (de preferência perto). No jornal nada de interessante. Ao final do expediente vai ao bar e toma uma cerveja. Pega o ônibus cheio e lento por causa do trânsito. Depois de uma hora chega em casa. Toma banho, come e pronto. Mais um dia está acabando. Não fiz nada, pensa. só desperdiçei meu tempo. Piromba! Que vida sem graça!
No dia seguinte, acorda às sete da manhã. "Isto não é hora para acordar num dia de folga". Tenta dormir, porém é inútil. Levanta e faz o café. Liga o rádio para logo em seguida desligar. Acende um charuto, olha pela janela o tempo nublado. Tem vontade de pular, mas falta-lhe algo. Não, na verdade, ainda acha que é melhor estar vivo. Vai para rua e no caminho encontra o porteiro. Começam a conversar. O porteiro está bem-humorado. Foi um encontro agradável. Já na rua, conversa com o jornaleiro. Ouve umas piadas e falam de política rapidamente. De volta ao caminho, chega ao mercado. Movimento fraco, ainda é cedo, diz a caixa, enquanto passa na registradora os produtos. De volta a rua até a chegada em casa. Olha pela janela. Tempo nublado. Sorri. Agora a vida parece bem mais interessante. Curioso como o encontro com pessoas pode mudar perspectivas. Pelo menos ele não encontrou nenhum espírito de porco, senão teria pulado. Talvez não. Às vezes o que precisamos é só uma pequena mudança para encontrar graça. Menos até, basta uma volta pela vizinhança e ela nos encontra. Porque a graça da vida está nas coisas simples que ela traz.