sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Jacinto

Não é para falar do homem do sapato branco (os mais velhos lembram, os mais novos podem pesquisar na internet), mas de Jacinto. Este não é extrovertido e seu nome revela muita coisa sobre ele. Dizem que nomes têm influência sobre as pessoas, ou transmitem uma mensagem. Por exemplo, Débora significa abelha, passa a ideia de uma pessoa trabalhadora. Daniel significa Deus é meu juiz. Neemias significa Deus consola. A Bíblia está repleta de outros exemplos. Porém nosso amigo não tem um nome bíblico. O nome dele está ligado aos sentimentos. Este sujeito tem uma sensibilidade e tanto. É um sonhador, embora isto não signifique que viva no mundo da lua. Ele possui uma boa noção da realidade e a vida tem ensinado mais ainda. Jacinto é um jovem que chegou a desacreditar nas pessoas porque elas não são leais e estão sempre procurando seus próprios interesses. E em nome disso estão dispostos a qualquer coisa. Mas ele hoje sabe que estão todos procurando sua felicidade e isso às vezes significa decepcionar outras pessoas na busca por esse sonho. Ele não idealiza mais as pessoas, nem a amizade, nem o amor, nem o convívio social. Mas ele não se tornou um pessimista como alguns. Ele ainda entende que é possível conjugar a busca pessoal pela felicidade e a amizade, o amor, etc. E não há quem não se machuque na vida. Entretanto, fomos dotados de uma fantástica habilidade de nos recuperarmos das quedas que a vida nos dá. E reconstruir, recomeçar, recriar...
Jacinto sente que gostar de alguém é a maior prova disso. Enquanto gostamos tudo gira em torno da pessoa amada, tudo fica animado por sentimentos bons e as substâncias liberadas pelo cérebro fazem o trabalho de nos dar grandes prazeres. Quando há separação tudo é dor (no início), depois começa a recuperação. E com o tempo estamos preparados novamente para compartilhar, nos doarmos para outra pessoa. Esse é o tempo de Jacinto. Tempo de reviver sentimentos assim, de querer se doar de novo, de acreditar que é possível ser feliz. Por isso, Jacinto sente que pode ser feliz, porque toda vez que encontra com Valéria fica sentindo a chuva que renova e traz vida. E dança com ela na chuva. Ela é o mar e Jacinto tem medo de se afogar, porque não sabe nadar, mas talvez ele consiga, mesmo sendo da terra, bom taurino que é, talvez ele consiga aprender a nadar, porque não há nada que não se possa aprender quando há a motivação adequada. E qual motivação melhor do que gostar de alguém? Há uma energia motriz nisso capaz das mais espantosas atitudes. Alguns (coitados!) matam, outros mais afortunados criam. Jacinto prefere criar. E ele sente que pode criar um ambiente para o amor, que ele todo se transforma na morada do amor e deixa tudo arrumado para Valéria chegar e ser bem recebida, sentir toda a boa vibração da morada. Toda a capacidade de cuidado, bem-querer, afeto. Tudo ali, concentrado. Vem Valéria e faz morada! Deixa Jacinto se aconchegar e também morar em você, porque como diz o poeta amar é mudar a alma de casa. E então abraçados e ajustados, quase são um, porque mesmo sendo diferentes há um sentimento capaz de unir corações e mentes. Já sinto no ar.

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