sábado, 12 de março de 2011

Diminuindo o peso sobre os ombros


Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mt 11,28-30

O texto bíblico refere-se ao peso do ensino, mas especificamente o peso das regras de determinado ensino. Na época de Jesus havia muitas regras para ser considerado um “praticante da Palavra”. Essas regras eram criadas pelos intérpretes da Lei. A preocupação era dizer o que podia e o que não podia ser feito de modo que se cumprisse a Lei. Só que muitas vezes essas regras tornavam-se um peso insuportável. Era conhecida a expressão “jugo do rabino” (disponível em http://www.ibab.com.br/artigos.php?id=29, acessado em 02/03/2011) para ilustrar que alguém seguia o ensino de um determinado rabino, com seu conjunto de regras. Sendo assim, o jugo no texto de Mateus refere-se ao ensino de Jesus, que deveria substituir o ensino dos intérpretes da época. Tal ensino gerou constantes disputas entre Jesus, Mestres da Lei, fariseus e escribas. O texto em questão é um convite ao discipulado sob a liderança de Cristo. Além disso, é uma crítica ao legalismo que predominava no judaísmo. Ele nos faz refletir sobre as nossas práticas legalistas hoje.

1) O ensino (jugo) de Jesus produz descanso (sossego)
Não há uma regra “faça isso para receber aquilo” -> tensão
Há sim: “Seja feita a vontade do Pai” -> sossego
Erro: Se não há cura, não há fé! -> não produz paz.

Meu tio paralítico sofreu muito com peso de ser taxado como alguém sem fé suficiente para receber o milagre da cura, além disso o peso de algum suposto pecado oculto, também poderia bloquear a benção da cura que ele tanto queria. Esse tipo de ensino gera um fardo pesado e não produz o descanso que Cristo dá.

2) O ensino de Cristo é suave.
1João 5,3 “Seus mandamentos não são pesados”.

Segundo o pr. Israel B. Azevedo
"O legalista tende a imaginar que uma pessoa é aceita por Deus em função do seu comportamento, não por causa do seu amor;
O legalista tende a impor convicções pessoais sobre outras pessoas e a condena se falharem ou não desejarem viver segundo essas regras;
O legalista reverencia o passado, como se o passado fosse sempre melhor que o presente;
O legalista tem um alto censo crítico. Como tem de si um conceito mais elevado, ninguém presta.
O legalismo prega a obediência a Lei, não ao Senhor, a regras, não a Deus; a padrões externos, não a valores internos. As regras se sobrepõe às pessoas".

Para Cristo a pessoa é sempre mais importante do que a regra - cada caso é um caso. Ex: Apedrejamento da mulher adúltera;
Paul Tornier no seu livro "Culpa e Graça" escreve sobre o episódio da mulher adúltera: “Deus apaga a culpa consciente, mas torna consciente a culpa reprimida.” Jesus faz com que todos percebam que eram tão pecadores quanto a adúltera.
“O santo usa as Escrituras para revelar o amor gracioso de Deus pelos pecadores, o legalista usa a Bíblia para justificar a sessão de apedrejamento do que pecou.” Rev. Antonio C. Costa (disponível em http://www.genizahvirtual.com/2010/09/qual-e-diferenca-entre-ser-santo-e-ser.html, acesso em 02/03/2011).

3) O ensino de Cristo é um fardo leve.
Mt 23,4 “Eles [fariseus] atam fardos pesados e os colocam sobre os ombros dos homens.”
“O legalismo: transforma a minha opinião no seu fardo. Só existe espaço para uma opinião no barco. E advinhe quem está errado!” Max Lucado em "Ele Ainda Remove Pedras" (p.143).
“O Legalismo coloca dentro de você o medo do homem. Faz com que tenha fome de aprovação. Você fica ansioso para saber o que os outros vão dizer ou pensar, e termina fazendo o que for necessário para agradá-los. A conformidade não é agradável, mas é segura” Idem. (p.144).

Conclusão
Rigor demais sufoca! A Graça nos liberta, mas nos dá responsabilidade (Graça também não é sinônimo de bagunça).
Principio Batista: cada pessoa é competente e responsável perante Deus nas próprias decisões e questões morais e religiosas.
A Graça não combina com Legalismo. Não devemos impor aos outros tamanho rigor, pois Cristo mesmo não fez isto. Devemos lembrar sempre que a Graça é o padrão de Cristo.
Crente não é “pode ou não pode”, crente é discípulo de Jesus, manso e humilde de coração.
A igreja é comunidade para acolher o pecador e não "apedrejá-lo".
Que o Espírito Santo nos ensine e aprimore.
Amém!

Um comentário:

  1. Lindo, profundo e simples!!!
    Saudade de te ouvir pregando, Denito!!!
    abçs!!!

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